Jufra

Maranhão

Sejam todos Bem-Vindos!
Paz e Bem!

VOLTA FRANCISCO, VOLTA À TERRA!

Voara para os céus um homem, um poeta, uma visão nova da vida, um homem como outro não apareceu mais sobre a terra! Voou para o Alto?  Não voltará?  Volta de novo à terra, ó Pai Francisco. Andaste no trabalho ingente e doloroso de arredar os espinhos que escondem no coração do mundo o Reino dos céus; chagaste no trabalho os teus pés e mãos, teu peito estalou de cansaço num rasgão sangrento. E já os lobos amansavam suas gulas e sanhas, e as andorinhas andavam presas no encanto de tua voz,  e os homens deixavam os campos de batalha para correr atrás de ti em convívio fraterno, e até os infiéis, enternecidos, escutavam teus cantares de Paz e Bem.  Parece que já nos sorria o paraíso (O Poverello  São Francisco de Assis, Pe. Fernando Felix Lopes,  Braga, p. 493-494).


Quando chega o mês de outubro, nossa atenção se volta para a comemoração de São Francisco, para o desfecho de sua vida, para a páscoa desse homem. Pensamos também em nós todos, que nos dizemos franciscanos e que, ao longo do tempo da vida, vamos construindo nossa identidade, hoje num tempo de incertezas, numa época de sérios questionamentos. Desde os primórdios de nossa história fomos compreendendo que ser cristão franciscano era viver em estado de passagem, de andança, de peregrinação. Roupas e calçados leves, uma vida nas mãos de Deus, uma história a ser construída com as visitas do Senhor,  peregrinos sem muita bagagem e pobres caminhando quase que sem lenço nem documento com outros peregrinos,  também pobres e simples. Esse o sonho de nossa juventude. O peso das obras e as engrenagens da instituição nem sempre ajudam. É bom contemplar esses momentos finais da vida de Francisco, celebrar sua páscoa e cantar com ele a chegada desta Irmã que leva para a Terra dos Vivos, a Irmã Morte.

Francisco,  um pouco antes de subir o Alverne,  experimentou  aperto no peito e no coração. Tinha a impressão de que a Ordem se lhe escapava das mãos.  Não era aquilo que o Senhor queria dos frades.  Houve densas trevas em sua caminhada.  Sim,  parecia que sua obra estava na rota do desvio. A Ordem tinha crescido demais: “Uma angústia profunda apoderou-se então de Francisco. Não seria desviar a fraternidade de sua vocação original, de seu carisma próprio, querer fazer dela uma Ordem, no sentido estrito  da  palavra?  Sempre será difícil conciliar o espírito messiânico da fraternidade com as exigências de uma Ordem. Uma Ordem  impõe estruturas, uma regra, uma hierarquia; cria inevitavelmente  distinções e,  às vezes,  até exclusões.  Privilegia a instituição, o coletivo.  A fraternidade tal qual concebia Francisco, era antes um espaço de liberdade, onde cada irmão podia viver segundo o Espirito do Senhor. Um lugar de acolhimento de todos. Uma zona franca para a vida pura e irradiante, pela própria qualidade de suas relações” (E. Leclerc, O sol nasce em Assis, Vozes, p. 66-67).

Volta, Pai São Francisco, ao teu trabalho de encher a terra com a paz do Reino de Deus!  Mas se não voltas, então espera-me, ó Pai, espera-me que também me quero partir contigo.
 
 Depois de tudo o que foi dito e refletido nessas linhas, me veio uma ideia não tão absurda.  Francisco, que primeiro recebeu o nome de João dado pela mãe, depois de Francesco, o francezinho, dado pelo pai  Bernardone, na realidade  foi construindo uma vida que se transformou no homem das passagens, da Páscoa, e deveria se chamar  Frei Pascoal.

Frei Almir Ribeiro Guimarães
Assistente Espiritual Nacional para a OFS

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